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Manipulação em Pediatria


A pediatria é um grande desafio quando se fala em tratamento medicamentoso, pois as crianças não são "adultos pequenos", por apresentar composição corporal e órgãos em diferentes estágios de desenvolvimento comparando com outras faixas etárias. Portanto, como proceder ao ter que medicar uma criança quando o fármaco apresenta uma única forma farmacêutica, seja ela sólida ou líquida? A concentração disponível exige diluições?

Sabemos que as formas farmacêuticas líquidas, mais comumente soluções e suspensões orais, são as mais adequadas para tratamentos na pediatria, pois apresentam mais facilidade na administração, adesão dos pacientes ao tratamento e ajuste de dose de acordo com o desenvolvimento da patologia e da criança.

Partindo desse ponto de vista, nasceu a Farmacotécnica adaptativa que seguindo o conhecimento farmacêutico tem condições de adequar a forma farmacêutica à necessidade terapêutica do paciente, dando total responsabilidade ao farmacêutico e equipe que fará tal adequação, pois pode parecer uma atividade simples, mas, na verdade é de alta complexidade e exige infraestrutura capaz de dar condições para a execução da atividade com qualidade.

Em casos onde a única forma farmacêutica existente é sólida, cápsulas ou comprimidos, acontece a adaptação para forma líquida, sendo geralmente em soluções extemporâneas (para uso imediato). Lembrando que algumas formas farmacêuticas não podem ser fracionadas ou adaptadas desta maneira, como formas de liberação retardada, prolongada ou entérica. O que leva a adaptação/manipulação de formas para uso na pediatria é a carência de formas farmacêuticas apropriadas para isso.

Os farmacêuticos estão autorizados a fazer estas adequações pois a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 33 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) -, permite ao farmacêutico transformar especialidade farmacêutica, quando da indisponibilidade da matéria-prima no mercado e na ausência da especialidade na dose e concentração e/ou forma farmacêutica compatíveis com as condições clínicas do paciente, de forma, a adequá-la à prescrição seguindo as diretrizes preconizadas pela RDC nº 67 da ANVISA, que dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias.

Abaixo, o Quadro 1 apresenta os fármacos que são bastante utilizados em crianças, principalmente nas UTI's, mas que estão indisponíveis em formas farmacêuticas apropriadas para crianças.


Então, os principais problemas da Manipulação na Pediatria são:

- Credibilidade: Ainda há resistência quanto a confiabilidade de inovações e adequações principalmente porque o uso se destina a crianças, sempre estar no ar a dúvida sobre a qualidade da formulação.

- Imediatismo e Mamães: Qual é a mãe que suporta ver seu filho(a) doente e reclamando de dores? As mamães procuram resolver logo a situação, ou seja, não vão querer esperar que o medicamento seja manipulado para ficar de acordo com as necessidades terapêuticas da criança.

- Falta de conhecimento sobre formulações para pediatria.

Algumas formulações para uso na pediatria:

- Constipação Intestinal:
Polietileno glicol 4000 - 0,5g/Kg (sachê)

- Crise Convulsiva:
Supositório de diazepam 5 a 10mg

- Hipertensão:
Enalapril, Captopril, Furosemide (Solução oral)

- Apneia em prematuros:
Citrato de cafeína 20mg/mL (30 dias de validade em geladeira)

- Gastrites em Crianças:
Omeprazol suspensão oral

- Impetigo e piodermites:
Água de Alibour a 10% (durante 04 meses)

- Pruridos e picadas:
Álcool canforado a 10% (Formulário Nacional) *Não pode ser utilizado em crianças menores de 2 anos*

- Escabiose:
Benzoato de Benzila 10%

- Anti-inflamatório e Antipruriginoso:
Calamina Loção (Formulário Nacional)

- Verrugas comuns:
Colódio-Láctico Salicilado (Formulário Nacional)

- Ptiríase Versicolor:
Hipossulfito de sódio 40% Solução

- Assaduras e Brotoejas:
Pomada para assadura (Formulário Nacional)

- Queimaduras, escaras e piodermites:
Suladiazina de prata 1% creme (Formulário Nacional)

Qualquer dúvida estamos à disposição.
Até o próximo assunto!

Fonte:
Instituto Racine
ANVISA

Nayara Souto Maior e Valdemir Soares


Nayara Souto Maior - Farmacêutica Generalista, Pós-Graduanda em Gestão e Tecnologia Industrial Farmacêutica, atua como Farmacêutica Magistral.

Valdemir Soares - Farmacêutico Generalista e empresário do ramo automotivo.

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