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COSMÉTICOS PARA GESTANTES - ATÉ QUE PONTO SÃO SEGUROS PARA A GESTANTE E PARA O BEBÊ?

A cada dia aumenta o número de mulheres em período gestacional que buscam nos cosméticos a solução para os problemas de pele típicos da gravidez. Até que ponto esses produtos são seguros para a mulher gestante e para o bebê? Leia a entrevista concedida pelo professor de cosmetologia Maurício Gaspari Pupo.

AS GESTANTES NECESSITAM DE CUIDADOS COSMÉTICOS?
Prof. Maurício: Todos necessitamos de cuidados com o corpo e com a aparência. É uma necessidade pessoal e do ambiente em que vivemos. As gestantes não fogem a essa regra. Necessitam cuidados especiais para evitar ou amenizar distúrbios cutâneos relacionados às mudanças endócrinas, que podem ocorrer durante a gravidez.

QUAIS SÃO ESSES DISTÚRBIOS CUTÂNEOS ENCONTRADOS NAS GESTANTES?
Prof. Maurício: Durante a gravidez ocorrem algumas mudanças imunológicas, endócrinas, metabólicas e vasculares que fazem com que a mulher grávida fique mais susceptível a alterações cutâneas, tanto fisiológicas quanto patológicas. Existem situações que merecem atenção especial como: distúrbios de pigmentação (cloasma), do tecido conectivo (estrias), dos pelos e unhas e também a acne.

EXISTEM COSMÉTICOS ESPECIALMENTE DESENVOLVIDOS PARA ESSES CUIDADOS?
Prof. Maurício: De fato existem, porém grande parte não leva em consideração a possibilidade de se evitar ou amenizar qualquer efeito prejudicial dos componentes das formulações. Atualmente muitos cosméticos deixaram de ter ação meramente superficial, na camada córnea, e passaram a agir mais profundamente, na derme, apresentando em alguns casos absorção sistêmica. Essa penetração e posterior absorção podem induzir atividades fisiológicas. No caso de gestantes deve-se pensar nas possíveis manifestações que podem afetar, de alguma forma, o feto e o período gestacional.

QUAIS SERIAM OS COMPONENTES DAS FORMULAÇÕES COSMÉTICAS MAIS PREJUDICIAIS PARA AS GESTANTES?
Prof. Maurício: Alguns componentes são reconhecidamente tóxicos, como a hidroquinona e a maioria dos filtros solares orgânicos, que deveriam ser evitados durante toda a gestação. Desde 1996, tem sido publicada uma enorme quantidade de artigos a respeito da carcinogenicidade da hidroquinona e mais recentemente seu uso tem sido banido devido a confirmação da sua nefrotoxicidade e bioacumulação. Já os filtros solares orgânicos tradicionais apresentam diversos estudos em modelos animais e humanos que comprovam a bioacumulação e efeitos hormonais, incluindo os estrogênicos.

AS TINTURAS CAPILARES TAMBÉM ENTRARIAM NESSA LISTA?
Prof. Maurício: Sim, diversos estudos epidemiológicos associam o uso de tinturas para cabelo à carcinogenicidade. Um exemplo do risco é a evidência de que a exposição às aminas aromáticas presentes nas tinturas de cabelos é associada ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer de bexiga dentre outros.

ALGUNS COMPONENTES SÃO UTILIZADOS DE FORMA INADEQUADA E INDISCRIMINADA?
Prof. Maurício: Infelizmente sim, como é o caso de muitos preservantes, sendo da classe dos parabenos os com efeitos prejudiciais mais estudados. Diversos estudos in vitro e em modelos animais têm demonstrado efeitos estrogênicos e androgênicos destes compostos. Esses achados reportam a necessidade de mais investigações para entender de forma mais ampla o impacto potencial desses preservantes na saúde reprodutiva humana. Existem preservantes que poderiam ser utilizados em sua substituição no desenvolvimento de formulações para gestantes, porém não é o que ocorre na grande maioria dos casos.

COMO NO CASO DA SUBSTITUIÇÃO DE PRESERVANTES, É POSSÍVEL TAMBÉM SUBSTITUIR OUTROS AGENTES FUNCIONAIS PARA DESENVOLVER COSMÉTICOS MAIS SEGUROS PARA O USO NA GESTAÇÃO?
Prof. Maurício: Com toda certeza. No caso de agentes clareadores, hidratantes e antienvelhecimento existe uma gama de opções de ativos de alta tecnologia e moléculas inovadoras que apresentam ótimos perfis de segurança avaliados por testes de citotoxicidade e fototoxicidade. Portanto, é plenamente possível o desenvolvimento de produtos cosméticos para gestantes, levando em consideração as evidências do que comprovadamente pode causar algum malefício.

"Se adotarmos essa consciência de 'cosméticos mais seguros' para todos os tipos de públicos, em algumas décadas não existirá mais a preocupação em se avaliar qual cosmético é ou não adequado para ser usado na gestação".

Fonte
Consulfarma News. Por: Prof. Maurício Gaspari Pupo, Coordenador da Pós-Graduação com MBA em Cosmetologia das Faculdades Unicastelo de São paulo e Metrocamp de Campinas. Consultor da Consulfarma, Editor da Revista "In Cosmeto" e Diretor da ADATINA Cosméticos.




Nayara Souto Maior e Valdemir Soares


Nayara Souto Maior - Farmacêutica Generalista, Pós-Graduanda em Gestão e Tecnologia Industrial Farmacêutica, atua como Farmacêutica Magistral.

Valdemir Soares - Farmacêutico Generalista e empresário do ramo automotivo.

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