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GOJI BERRY, O QUE É? EMAGRECE MESMO?

  Popular entre os orientais, ela chega ao Brasil com a fama de detonar quilos extras. Descubra até que ponto a fruta do momento ajuda nessa empreitada...

  Chá-verde, óleo de coco, chia... De tempos em tempos algum alimento rouba a cena e ganha a alcunha de emagrecedor milagroso. Hoje, o posto é da goji berry, uma fruta bastante apreciada na China que desembarcou recentemente por aqui. Encontrada desidratada e em pó - importar a versão in natura sai muito caro -, ela anda na boca do povo. A questão é que, para afirmar seus benefícios, precisamos conhecer os nutrientes encontrados nela, e... Bem, os dados referentes à sua composição ainda não estão totalmente definidos. Veja o caso da Vitamina C. Enquanto artigos reportam que em 100 gramas da fruta encontramos 42 miligramas do nutriente, há quem defenda que ela carrega 2.500 miligramas. Que diferença!

Mesmo que o primeiro dado, mais modesto, se confirme, já se trata de um valor considerável. "Recomendam-se 75 miligramas diárias de vitamina C para mulheres e 90 para homens", pontua a nutricionista Carla Cristina de Morais, da Universidade Federal de Goiás (UFG). É justamente por contribuir para o aporte da substância que a fruta tem gerado bafafá no campo do emagrecimento. Tudo porque um estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, sugere que pessoas que não ingeriram níveis adequados de vitamina C tinham uma menor capacidade de queimar gordura do que aquelas que tomaram cápsulas do nutriente.

"Essa vitamina participa ativamente dos nossos processos metabólicos. A carência talvez prejudique o trabalho das células, que, assim, deixariam de usar a energia de forma eficiente", especula a nutricionista clínica Alessandra Luglio, de São Paulo. Só que, no trabalho americano, os dois grupos seguiam uma dieta restritiva. E olha que curioso: ao final de um mês, não houve diferença significativa na perda de peso entre as turmas. Ambas secaram 4 quilos em média. Ou seja, por mais que os defensores da goji usem o estudo como argumento, é o controle de calorias em si que importa para ficar em forma.

A FRUTA EM NÚMEROS
A goji concentra nutrientes que dão inveja a muitos vegetais

BETACAROTENO
Seis colheres de sopa de goji berry (100g) = 7,4 mg
Uma cenoura (100g) = 4,7 mg

FIBRAS
Seis colheres de sopa de goji berry (100g) = 7,4 mg
Uma xícara de chá de feijão (100g) = 6,4 g

ÍNDICE GLICÊMICO
Goji berry: 29
Melancia: 72

  Por isso, não adianta se entupir de fontes de vitamina C, como a fruta chinesa, e esperar o ponteiro da balança despencar. Sem uma dieta equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, não há alimento que opere milagres. Mas vamos fazer justiça ao nutriente em destaque na goji. Apesar de a substância não induzir a torra de gordura, ela é crucial em outros aspectos. "A vitamina C fortalece o sistema imunológico e isso, por sí só, já justificaria o consumo da frutinha", avalia a nutricionista Magda Rosa Ramos da Cruz, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
  Vitaminas à parte, se o seu principal objetivo é se livrar dos pneus, saiba que a goji berry tem seus préstimos. Isso porque, na escala de índice glicêmico (IG), ela soma ínfimos 29 pontos. "Alimentos com menos de 50 são considerados de baixo IG", informa Marcella Garcez Duarte, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, a Abran. E a vantagem de ser baixo IG é simples: como eles não fazem os níveis de glicose disparar, o pâncreas não precisa liberar de vez uma enxurrada de insulina no sangue para dar conta de todo o açúcar excedente.
  Lembrando que outra função desse hormônio é armazenar energia no corpo - inclusive na forma de gordura. Daí a importância de priorizar alimentos com baixo IG. Até aqui, convenhamos, as frutas brasileiras não deixam nada a desejar em relação à goji. Afinal, temos uma porção de variedades abarrotadas de vitamina C, como laranja, acerola e goiaba, e muitas outras com baixo índice glicêmico, caso da pera e da maçã. "Em vez de apostar em um item caro, que nem é cultivado no Brasil, vale mais a pena saborear as espécies regionais", opina a nutricionista Fabiana Poltronieri, professora do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo.

  Mais uma vez, isso não significa que a goji deva ser jogava para escanteio. Ela possui, sim, diferenciais interessantes - só que não exclusivamente por seu atributo emagrecedor. Um dos destaques são seus polissacarídeos. "Estudos com cobaias demonstram que eles têm capacidade antioxidante semelhante à da vitamina C. Só que os mecanismos de ação não estão completamente claros", diz a nutricionista Cristiane Cominetti, da UFG. Seja como for, essa propriedade tem garantido à substância o cargo de protetora contra doenças relacionadas ao avançar da idade - males cardiovasculares e neurodegenerativos, problemas de visão...
  Por falar nos olhos, cabe mencionar outra carta na manga da goji berry: os carotenoides, grupo do qual fazem parte o betacaroteno, a luteína e a zeaxantina. Esta, aliás, é a grande representante da turma. "A zeaxantina responde por quase 60% do conteúdo de carotenoides da fruta", descreve Fabiana. E já está mais do que demonstrado que as substâncias dessa classe são capazes de prevenir mazelas oculares. Uma das provas vem do Centro de Tecnologia de Produtos da Nestlé, na Suíça. Depois de avaliarem 150 idosos, os pesquisadores notaram que aqueles que tomaram uma bebida à base de goji berry por três meses tinham maiores níveis de zeaxantina e antioxidantes em geral correndo no sangue. Essa parcela conseguiu, assim, fugir de alterações na mácula - a parte central da retina, cuja missão é captar os detalhes.

  Se quiser tirar proveito desse combo, que ainda inclui vitaminas do complexo B, diversos minerais e aminoácidos, a solução é investir na goji desidratada. "Em comparação à fruta in natura, a única diferença é a ausência de água", explica a nutricionista Tatiana Rom, da loja de produtos naturais Organomix, no Rio de Janeiro. Com a redução do volume, o perigo de encher a mão e, dessa forma, colocar a cintura em risco - apesar de o sabor não agradar gregos e troianos. Por isso a recomendação de consumir 2 colheres de sopa por dia, que reúnem 100 calorias, sem deixar de moderar no resto da dieta. Com esses cuidados, a frutinha ajuda, sim, a se alegrar em cima da balança

PELE LIVRE DE DANOS?
Uma pesquisa da Universidade de Sydney, na Austrália, comprova que o suco de goji berry oferece mairo blindagem à pele de cobaias expostas à radiação ultravioleta. Mas ainda é cedo para consumir a fruta para se permitir ficar torrando sob o sol. O que nunca é bom, aliás "Até porque ainda não sabemos se as pessoas responderiam da mesma maneira a esse efeito", afirma Vivienne Reeve, líder do trabalho.

TOQUE ORIENTAL NO CARDÁPIO
A goji berry desidratada cai bem em sucos, iogurtes e cereais. "Outra opção é saboreá-la pura, se não se incomodar com o gosto levemente amargo". indica a nutricionista Tatiana Rom, da Organomix. Também há o extrato em pó. "Em farmácias de manipulação, ele pode ser colocado em cápsulas, chocolate, géis comestíveis e shakes", diz Camila Estopa, farmacêutica da Pharma Nostra, em Campinas, no interior paulista.

CONSUMO IDEAL
Extrato em pó: 400 a 600mg (2 a 3 cápsulas)
Fruta desidratada: 1 a 2 colheres de sopa (15 a 30g)

Nayara Souto Maior e Valdemir Soares


Nayara Souto Maior - Farmacêutica Generalista, Pós-Graduanda em Gestão e Tecnologia Industrial Farmacêutica, atua como Farmacêutica Magistral.

Valdemir Soares - Farmacêutico Generalista e empresário do ramo automotivo.

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