PHARMAGISTRAL

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TÉCNICA DE PESAGEM EM FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO - LEIA E APRENDA [+VÍDEO]


De todas as formas farmacêuticas, a cápsula é a mais versátil, por estar disponível em diversos tamanhos e cores, podendo ainda, ser utilizadas na administração por via oral, de pós, sólidos e líquidos.
  A manipulação de fórmulas na forma farmacêutica cápsula representa na Farmácia Magistral, cerca de 70% da sua atividade e muitas vezes acreditamos ser esta forma farmacêutica uma das mais simples para ser elaborada.
  Elaborar uma cápsula, entretanto, não é simplesmente misturar pós. Temos que conhecer o fármaco e seus excipientes ideais, a fim de podermos desenvolver medicamentos com segurança e que produzam o efeito terapêutico adequado.
  As cápsulas podem ser manipuladas com grande flexibilidade de dosagem, podendo até, com o consentimento do farmacêutico, seu conteúdo ser removido do invólucro de gelatina e empregado como pó medicinal pré-dosado para administração de medicamentos a crianças e pacientes com dificuldade de deglutir uma forma farmacêutica sólida, substâncias instáveis e/ou insolúveis em soluções aquosas ou incompatíveis com outras formas farmacêuticas.

DEFINIÇÃO DE CÁPSULAS
  Cápsulas são preparações farmacêuticas sólidas constituídas por um invólucro de natureza e dimensões variadas, contendo uma ou mais substâncias medicinais (sólidas, pastosas ou líquidas) e/ou inertes. Dependendo da formulação, a cápsula de gelatina pode ser dura ou mole. A cápsula de gelatina dura é o tipo mais usado pelos fabricantes e farmacêuticos no aviamento de prescrições extemporâneas. Os invólucros vazios das cápsulas são feitos de uma mistura de gelatina, açúcar e água. Podem conter um corante ou um opacificante e destina-se ao transporte do(s) fármaco(s).

TAMANHOS DAS CÁPSULAS
  Os invólucros para as cápsulas duras apresentam-se no comércio com variados tamanhos, designados por um número arbitrário. À medida que vai sendo mais elevado o número, vai diminuindo a capacidade dos invólucros, conforme a tabela abaixo:
VANTAGENS
  1. Mascaramento do odor e do sabor.
  2. Fácil liberação do(s) princípio(s) ativo(s).
  3. Facilidade de deglutição devido ao seu formato e sua elasticidade.
  4. Possibilidade de ter um invólucro gastrintestinal.
  5. Possibilidade de acondicionamento de fármacos que tenham ação farmacológica prolongada ou sustentada.
  6. São atraentes visualmente.
  7. De fácil e rápida preparação, em qualquer escala.
  8. Variedade de tamanhos adequados à administração e ao volume de pós.
  9. Protegem os fármacos de agentes externos.
  10. Farmaceuticamente elegantes.
  11. Fácil identificação.
  12. Fabricação à seco.
  13. Limitado potencial de incompatibilidades.
  14. Boa resistência física.
DESVANTAGENS
  1. Fármacos rapidamente liberados quando o invólucro entra em contato com o suco gástrico.
  2. Não fracionáveis.
  3. Espaço para estocagem.
  4. Degradável pela umidade.
  5. Quando revestidas, têm a desvantagem de não poderem ser produzidas em pequenas quantidades, por aumentar o custo do produto. Para serem viáveis, a temperatura ambiente não deve ser superior a 32ºC.
  6. Fácil adesão à parede do esôfago, podendo levar à irritação deste, principalmente se o ativo for irritante. Deve ser ingerida com bastante água e com o paciente sentado.
  7. Restrição de uso para pacientes com dificuldades de deglutição.
  8. Incompatíveis com substâncias higroscópicas, deliquescentes e eflorescentes que formem misturas eutéticas, exceto quando trabalhadas previamente com diluentes adsorventes.
UNIDADES E EQUIVALÊNCIA
g = grama (1,0g) - devemos pronunciar "um grama"
Kg = quilograma (1000g) - devemos pronunciar "um quilograma"
dg = decigrama (0,1g) - devemos pronunciar "um decigrama"
cg = centigrama (0,01g) - devemos pronunciar "um centigrama"
mg = miligrama (0,001g) - devemos pronunciar "um miligrama"
mcg = micrograma (0,000001g) - devemos pronunciar "um micrograma"

SIGLAS USADAS NAS FORMULAÇÕES
qs = quantidade suficiente
qsp = quantidade suficiente para
ãã = partes iguais
fsa = faça segundo a arte
PA = para análise ou pró-análise (de alto grau de pureza)

DILUIÇÕES
  Quando o fármaco a ser utilizado é expresso em micrograma, torna-se difícil realizar a pesagem com exatidão, nestes casos, é necessário proceder a DILUIÇÃO destes fármacos utilizando diluentes inertes que sejam compatíveis com o fármaco e empregando a Técnica de Diluição Geométrica. Para garantir a homogeneidade da diluição, convém colorir estes diluídos com corante alimentício. O processo utilizado é o mesmo para qualquer concentração (1:10, 1:100, 1:500, etc.)

DILUIÇÃO GEOMÉTRICA
  1. Deve ser utilizado, no mínimo 0,1g do ativo;
  2. Utilizar corante na concentração de 0,3% do total (ativo+diluente);
  3. Ao colocar o ativo no gral junto com o corante, utilizar 1 gota de álcool 96º GL para cada 10mg do corante, para melhorar a homogeneização do ativo com o corante (não é necessário corrigir o peso em função do álcool, pois o mesmo volatiliza durante o processo);
  4. Fazer os cálculos de diluição;
  5. O pó diluído deve ser passado no gral com pistilo e em seguida pelo tamis. Após tamisar, colocar em um saco plástico, agitando bem para promover a homogeneização dos pós, durante uns 15 min.
EXEMPLO DO CÁLCULO
Triac 1:100
1g de triac
0,3g de corante
98,7g de diluente

Técnica:
  1. Pesar o princípio ativo
  2. Pesar o corante
  3. Adicionar 30 gotas (1,5mL) de álcool 96ºGL.
  4. Homogeneizar no gral com auxílio de um pistilo até uniformidade da cor.
  5. A partir da mistura, fazer a diluição geométrica como mostrado a seguir, sempre tamisando o diluente:
1g de Triac + 0,3g de corante + 1,7g do diluente = 3g (chamaremos esta soma de mistura)

3g de mistura + 3g do diluente = 6g
6g de mistura + 6g do diluente = 12g
12g de mistura + 12g do diluente = 24g
24g de mistura + 24g do diluente = 48g
48g de mistura + 48g do diluente = 96g
Completar com 4g do diluente para peso final de 100g da diluição

ATENÇÃO: Cada vez que for adicionar o diluente à mistura, homogeneizar bem.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
  • Todos os laboratórios, devem manter apenas as substâncias diluídas, com o pote devidamente identificado, com etiqueta de diluição.
  • As diluições devem ser acondicionadas separadas das demais substâncias.
FLUXO DO LABORATÓRIO DE CÁPSULAS
Cálculo das quantidades necessárias dos componentes (conferência da ficha de pesagem).
Cálculo do excipiente necessário.
Pesagem dos componentes.
Trituração, tamisação e homogeneização da mistura.
Escolha da cápsula correta (normal, meia dose, especial).
Encapsulação.
Limpeza e embalagem.
Conferência final.

CONFERÊNCIA ANTES DA MANIPULAÇÃO
Critérios a serem adotados antes do início desta etapa:
  1. Conferir os dados da receita, com a ficha de pesagem e rótulo da formulação.
  2. Certificar-se de que as concentrações e unidades estão corretas.
  3. Verifique se a quantidade a ser pesada é compatível com a sensibilidade da balança.
  4. Consultar o farmacêutico em caso de dúvidas.
CÁLCULO PARA PESAGEM
  Antes de iniciar a pesagem e preparação das fórmulas, as mesmas devem ser analisadas pelo farmacêutico. A farmácia possui um sistema informatizado, que fornece a ficha de pesagem com todos os cálculos já realizados, inclusive considerando diluições.
  Na falta do sistema, o farmacêutico deverá preparar os cálculos.

Deverão ser considerados:
Dosagem de cada componente;
Quantidade de cápsulas;
Diluição do componente ou fator de equivalência, se houver.
Unidade de medida apresentada (para unidades especiais converter).
Cápsula correta a ser utilizada.
Quantidade de excipiente necessário.

PARA FINS PRÁTICOS DE PESAGEM, TODAS AS UNIDADES DEVEM SER CONVERTIDAS A GRAMAS (g).

  Partindo de uma substância base, o cálculo é bastante simples: basta multiplicar a concentração pela quantidade de cápsulas solicitadas, como por exemplo:
Piridoxina 60mg
Cistina 20mg
Mande 100 cápsulas

Piridoxina
60mg x 100 cáps. = 6.000mg = 6,0g
Cistina
20mg x 100 cáps. = 2.000mg = 2,0g

PESAGEM
Material utilizado
  • Balança (Semi-analítica)
  • Espátulas
  • Papel Manteiga
  • Saco Plástico
TÉCNICA
  1. Ordenar as fichas de pesagem e receitas de acordo com a prioridade e horário de saída.
  2. Certificar-se de que foi aguardado o tempo necessário (30 minutos) para que a balança atinja a temperatura ideal de trabalho.
  3. Verificar se a balança está limpa.
  4. Conferir a ficha de pesagem com receita e rótulo, caso haja alguma divergência, contatar imediatamente ao farmacêutico.
  5. Conferir os cálculos da ficha de pesagem.
  6. Ao iniciar a pesagem, o manipulador deverá tarar a balança com o saco plástico sobre o prato.
  7. Pesar os sais (sempre tarando a balança após cada sal) um a um, utilizando uma espátula, seguindo a quantidade calculada e/ou indicada na ficha de pesagem. É importante verificar se o lote pesado é o mesmo descrito na ficha.
  8. Limpar a espátula com papel toalha umedecido com álcool 70% a cada pesagem de substância.
  9. Após terem sido pesados todos os sais, inclusive o excipiente (se necessário), devem ser triturados, homogeneizados e encaminhados para a encapsulação junto com a ficha de pesagem.
CUIDADOS ESPECIAIS:
Evitar alterações bruscas de temperatura;
Evitar exposição solar direta;
Evitar correntes de ar;
Apoiar a balança em uma base firme, sem trepidação;
Nivelar a balança.

ASSISTA A SEGUIR O VÍDEO PREPARADO PELA NOSSA EQUIPE PARA QUE VOCÊ POSSA ASSIMILAR A PARTE TEÓRICA ABORDADA NO TEXTO ACIMA COM A PARTE PRÁTICA.


FONTE
Equipe Técnica do Blog Pharmagistral

Nayara Souto Maior e Valdemir Soares


Nayara Souto Maior - Farmacêutica Generalista, Pós-Graduanda em Gestão e Tecnologia Industrial Farmacêutica, atua como Farmacêutica Magistral.

Valdemir Soares - Farmacêutico Generalista e empresário do ramo automotivo.

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