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MANUAL DE FARMACOECONOMIA


A Farmacoeconomia é uma ciência que visa avaliar o efeito das intervenções de saúde no bem-estar dos pacientes, incluindo os resultados clínicos e econômicos do tratamento, assim como a avaliação pessoal de cada enfermo. É ela que traduz estes resultados em informação tangível para o sistema de saúde e possibilita a utilização racional dos medicamentos.



Essa ciência reúne profissionais de saúde de diferentes áreas, pesquisadores, investidores e pacientes acerca do impacto (clínico, econômico e pessoal do paciente) de tratamentos já existentes, novos medicamentos e tecnologias inovadoras. É uma ferramenta útil tanto ao sistema público de saúde quanto ao privado, identificando alternativas que resultem em um uso mais eficiente dos recursos. Apoia e promove o desenvolvimento, a comunicação, a compreensão e a utilização das tecnologias de saúde de maneira global. Realiza estudos científicos multidisciplinares sobre a introdução de inovações terapêuticas eficazes, assim como sobre a eficiência dos recursos de saúde já existentes, sempre envolvendo os custos de cada medida.
Auxilia intensamente a tomada de decisão por parte dos gestores de saúde e investidores dos laboratórios farmacêuticos. Tem papel fundamental na estratégia de gestão da saúde, exercendo papel decisivo nos resultados da relação qualidade de tratamento X custo em saúde.
 - Vitor Zani Dutra Silva - TCC em Farmacoeconomia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP - Farmacêutico União Química.

DESFECHOS
Os Desfechos em farmacoeconomia "outcomes" são os efeitos causados por uma intervenção na vida de um paciente ou de uma população. Os tipos de desfecho encontram-se exemplificados abaixo.

CLÍNICOS
  • Intermediários: sintomatologia - aumentada ou reduzida
  • Definitivos: doença - estabelecimento da doença ou cura.
Exemplos:
"Cura de uma doença."
"Redução do tempo de duração da doença."
"Redução da sintomatologia."
"Prolongamento do tempo de vida."
"Evitar mortes."

ECONÔMICOS
  • Maior ou menor custo direto para o paciente e/ou o sistema de saúde.
  • Maior ou menor custo indireto para o paciente e/ou a sociedade.
QUALIDADE DE VIDA
  • Melhor ou pior qualidade de vida.
  • Maior ou menor número de "AVAQs" (anos de vida ajustados pela qualidade".
AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE

TIPOS DE CUSTOS EM SAÚDE
Custos Diretos
  • Desenvolvimento de ações em saúde.
  • Gastos que incidem sobre o sistema de saúde.
Custos Indiretos
  • Impacto dos problemas de saúde na economia individual e social: redução da produtividade, perda de dias de trabalho, aposentadoria ou óbito precoce, envolvimento de cuidadores.
  • Gastos que incidem sobre as empresas e a sociedade.

AS ANÁLISES FARMACOECONÔMICAS

1) Minimização - Tipo de desfecho (custo R$) - Objetivo (barateamento do tratamento)
2) Custo-benefício - Tipo de desfecho (custo R$) - Objetivo (economia no tratamento)
3) Custo-efetividade - Tipo de desfecho (desfecho clínico) - Objetivo (relação de menor custo por unidade de desfecho)
4) Custo-utilidade - Tipo de desfecho (QALY*) - Objetivo (relação de menor custo por QALY*)
*QALY (quality adjusted life yeas) = AVAQ (anos de vida ajustados pela qualidade)

1) Minimização: compara duas ou mais opções de tratamento identificando aquela que tem o menor custo, independente do desfecho clínico ou com mínima preocupação em relação a ele. Fundamentada, na maioria das vezes, apenas no preço dos recursos utilizados.

2) Custo-benefício: compara duas ou mais opções de tratamento identificando aquela que gera o melhor resultado econômico-financeiro. Os desfechos clínicos são considerados apenas para a modelagem dos custos.

3) Custo-efetividade: compara opções de tratamento buscando escolher a melhor relação entre o custo e o desfecho clínico.

4) Custo-utilidade: compara opções de tratamento visando escolher a melhor relação entre o custo e o índice QALY* ou AVAQ*. O desfecho observado neste tipo de estudo é o tempo de vida com boa qualidade.

SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS PARA ENTENDIMENTO DO CONCEITO DE ANÁLISES FARMACOECONÔMICAS:

1) Minimização
Comparação dos Anti-inflamatórios A e B.
A utilização do tratamento B minimiza os custos para o paciente quando comparado ao uso do tratamento A.

2) Custo-benefício
Supostamente uma empresa levante o custo para vacinar as mulheres da empresa contra o HPV (supondo-se 100% de eficácia da vacina).
*Absenteísmo médio para consultas ginecológicas.
Vacinando-se as funcionárias contra o HPV gera-se uma economia de R$ 450.000 para a empresa.

3) Custo-efetividade
Sedação para dor crônica de origem neuropática ou miofacial.
Custo
Desfechos

Apesar de ser mais caro em valor (R$), o sedativo B é mais custo-efetivo em relação ao sedativo A. O custo por paciente sedado é menor para o sedativo B.

Comparação entre duas modalidades de tratamento
AVAQ (Anos de vida ajustados pela qualidade) = Tempo de vida (anos) X Escore de Utilidade
Ainda há muita discussão quanto a este tipo de estudo, pois a definição de qualidade de vida pode ser muito subjetiva e variável para a análise.
*Escore de utilidade: o nível varia de 0 a 1, sendo 0 a pior qualidade de vida possível (morte) e 1 a melhor condição física.

Referência Bibliográfica:
U.Q - Divisão Hospitalar

Nayara Souto Maior e Valdemir Soares


Nayara Souto Maior - Farmacêutica Generalista, Pós-Graduanda em Gestão e Tecnologia Industrial Farmacêutica, atua como Farmacêutica Magistral.

Valdemir Soares - Farmacêutico Generalista e empresário do ramo automotivo.

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