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FRUTAS VERMELHAS NA CABEÇA

Estudo gigantesco revela que uma porção semanal freia o envelhecimento do cérebro e preserva a memória.
Morango, framboesa, amora... Uma única porção delas por semana garante um cérebro mais protegido contra as adversidades que podem pintar com o passar dos anos, como os apagões na memória.

Nas próximas cinco décadas, a mulher brasileira ganhará, em média, seis anos em sua expectativa de vida. Já os homens terão a mais entre seis e sete anos de existência. Nesse cenário, 26,7% da população será formada por gente acima de 65 anos, número 3,6 vezes maior do que o registrado em 2013. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dão respaldo a uma profecia baseada em evidência: nos próximos tempos, uma das principais preocupações do nosso povo será preservar as funções cerebrais, inevitavelmente ninguém quer, nem hoje nem no futuro, ter lapsos frequentes de memória, perder a capacidade de se organizar no dia-a-dia, calcular com lentidão o troco no mercado, nunca tomar decisões com segurança...

Ainda bem que a comunidade científica já mapeia hábitos que ajudam a estender a vida útil das capacidades cognitivas. Hábitos que começam à sua mesa. Nesse sentido, chama a atenção uma pesquisa com mais de 15 mil mulheres apresentada no último congresso da Sociedade Americana para Nutrição, em San Diego nos Estados Unidos. Ela indica que uma estratégia certeira para parar o relógio (ao menos no que diz respeito à saúde cerebral) é um tanto prazerosa: comer pelo menos uma porção semanal de frutas vermelhas e arroxeadas.

A autora da descoberta, a epidemiologista Francine Grodstein, da Universidade Harvard (EUA), contou, em uma concorrida palestra no evento, que o projeto começou nos anos 1980, quando milhares de voluntárias relataram, tim-tim por tim-tim, como era sua dieta. A cada quatro anos, até 1994, as entrevistas se repetiram. Entre 1995 e 2001, uma nova etapa teve início: as mulheres, nesse momento com aproximadamente 70 anos, receberam telefonemas cujo objetivo era testar a quantas andavam suas habilidades cognitivas. "Percebemos que, quanto maior o consumo de flavonoides, substâncias fornecidas por frutas em geral, melhor estava a memória das participantes", revelou Francine. "E, quando elas eram provenientes das berries, a relação se mostrava ainda mais forte."
E olha que as fãs das tais berries, nome em inglês do grupo composto de morango, framboesa, amora, mírtilo e groselha, nem se empanturravam com elas. Os efeitos positivos foram notados em quem comia uma porção de mírtilo ou duas de morango por semana. Se a dose impressiona pela modéstia, o mesmo não pode ser dito sobre o impacto na cabeça da mulherada. É que, em termos de comprometimento cognitivo, as consumidoras dessas frutas aparentavam ter, em média 2,5 anos a menos do que sua idade real. Tempo que vale ouro. "Retardar esse declínio em cerca de dois anos traz uma série de benefícios para a pessoa e sua família, tanto no ponto de vista de qualidade de vida como no financeiro", afirma o neurologista Paulo Caramelli, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Quando a mente passa a sofrer blecautes, culminando em apagões ou no esquecimento de coisas triviais como o caminho de casa, há indícios de que a situação possa evoluir para um quadro mais sério. "Entre pessoas com cerca de 70 anos que têm comprometimento cognitivo leve, o índice de conversão para demência é de 12 a 15%. No caso de quem não apresenta esse problema, a taxa fica entre 1 e 2%", estima Caramelli.

Para a nutricionista Selma Sanches Dovichi, professora da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), faz sentido atribuir aos flavonoides a responsabilidade pela blindagem cerebral. Em primeiro lugar porque já se comprovou que eles ultrapassam a barreira hematoencefálica, tecido que filtra o que pode chegar à massa cinzenta. Dessa forma, conseguem tocar, por assim dizer, nos neurônios. "Os flavonoides são lipofílicos, ou seja, solúveis em gordura. Logo, têm grande afinidade por locais com grande quantidade de material lipídico, como o nosso cérebro", explica Selma.

Com o caminho livre, as substâncias das frutas vermelhas colocam seus talentos em prática. "Elas apresentam atividade antioxidante, favorecem a circulação do sangue e interferem na atuação de neurotransmissores", lista a nutricionista, que é mestre em neurociências. Tudo o que colabora para um cérebro mais afiado. A pesquisa de Harvard, aliás, não é a única a apontar nessa direção. Em uma experiência realizada na Universidade Federa do Rio Grande do Sul, por exemplo, ratos receberam uma dose de berries liofilizadas (que passaram por uma desidratação) por 30 dias. Depois disso, foram submetidos a testes em labirintos. Os estudiosos perceberam, ao final, que os bichos que comeram as frutas vermelhas tiveram uma melhora importante na memória de curto prazo e venciam mais facilmente o desafio proposto.

PORQUE AS VERMELHAS? - Hora de mergulhar nos detalhes:
Os flavonoides são divididos em vários grupos e marcam presença em inúmeros alimentos, na laranja, na cebola, na maçã, nos chás... Ainda assim, no levantamento americano não deu para ninguém: os flavonoides das berries mostraram maior afinidade com o cérebro. "A principal característica dessas frutas é a alta concentração de antocianinas, uma das classes químicas dessa família", ensina a bioquímica Maria Inés Genovese, professora da Universidade de São Paulo.

Mas o que distingue as antocianinas das frutas vermelhas das isoflavonas da soja, ambas integrantes do grupo dos flavonoides? "A estrutura química. Se elas são diferentes, as interações com o organismo são diferentes também", responde Selma. Isso não significa que é para desprezar os demais tipos de flavonoides. Até porque todos são, digamos, especiais. "Eles têm grande capacidade antioxidante, que chega a superar, em estudos comparativos, uma porção de vitaminas e minerais reconhecidos por essa mesma característica", diz a professora da UFTM.

Apesar de a análise de Harvard ter contato com um número bastante expressivo de participantes, conferindo peso de sobra à conclusão favorável às berries e aos nutrientes ali contidos, cabe uma ponderação. "Para cravar que esses alimentos realmente ajudam a barrar o declínio cognitivo, é preciso desenhar estudos prospectivos, em que uma parte dos voluntários recebe as frutas vermelhas e a outra não", analisa Caramelli.

Enquanto os flavonoides avançam pela trilha que leva à completa confirmação de suas vantagens para o cérebro, uma coisa está certa: não é nada precipitado incluí-los na dieta desde já. E nem precisa focar apenas nas berries, visto que algumas são difíceis de encontrar por aqui, e outras frutas carregam seus prestigiados componentes.

"A uva roxa, o açai e a jabuticaba são fontes excelentes e viáveis dessas substâncias, especialmente de antocianinas", exemplifica a nutricionista Louise Farah Saliba, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. "Mas não adianta apostar nelas e, ao mesmo tempo, fumar, exagerar no álcool e ser sedentário", frisa o neurologista Renato Anghinah, do Centro de Atenção à Memória do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano, em São Paulo. Para resguardar os neurônios, as lembranças e o raciocínio, o ideal é que todos os hábitos sigam os pilares de uma vida equilibrada. Nesse contexto, as frutas vermelhas têm todos os atributos para dar um colorido extra às suas memórias.

ALERTA VERMELHO!
Acompanhe o que costuma ocorrer no cérebro com o passar da idade, resultando em perdas cognitivas:

1 - ENCOLHIMENTO NATURAL
Durante o envelhecimento, certas estruturas cerebrais diminuem de tamanho. Caso do tálamo, que controla a visão e a audição, e do hipocampo, responsável pela memória de curto e médio prazo.

2 - CIRCULAÇÃO TRAVADA
É comum que partículas de gordura se depositem nos pequenos vasos sanguíneos que irrigam as áreas mais profundas do cérebro. Consequência: os neurônios deixam de receber nutrientes.

3 - COMUNICAÇÃO ABALADA
Ainda há a possibilidade de as chamadas placas beta-amiloides se depositarem ao redor dos neurônios, destruindo as sinapses e a comunicação entre eles. O processo, característico do Alzheimer, leva essas células à morte.

4 - A INVESTIDA DOS RADICAIS LIVRES
Essas moléculas instáveis alteram a membrana dos neurônios. O efeito é cumulativo, daí a gente se ressentir com a idade. Nessas células, os radicais afetam o DNA prejudicando suas funções.

SE AS BERRIES ENTRAM EM AÇÃO...
Não faltam hipóteses para explicar os benefícios de seus flavonoides ao cérebro.

1 - TRÁFEGO LIBERADO
Após ultrapassar a barreira hematoencefálica, que resguarda a massa cinzenta, os flavonoides atuam no interior dos vasos sanguíneos. Eles ajudam a desobstruí-los, melhorando o fluxo de sangue aos neurônios.

2 - COMBATE AOS ADVERSÁRIOS
Lembra-se dos radicais livres? Pois os flavonoides das frutas vermelhas e roxas, por serem antioxidantes, anulam essas moléculas, deixando as células nervosas mais íntegras.

3 - MAIS NEURÔNIOS NA CACHOLA
Em trabalho recente, pesquisadores ingleses supõem que, ao facilitar o fluxo sanguíneo, os flavonoides incentivariam a neurogênese, isto é, a formação de novos neurônios.
UM GRUPO HETEROGÊNEO...
As berries não oferecem apenas flavonoides. Elas têm mais, muito mais...

1 - MORANGO
Ela dá show em vitamina C. Pena que é um dos maiores redutos de agrotóxicos. Quer driblá-los? Se tiver paciência, deixe a fruta de molho e retire a pele. Aproveitar sua época de colheita (o inverno) é uma boa, já que recebe menos defensivos agrícolas. Outra eventual saída é comprar a versão orgânica.

2 - MIRTILO
A cor quase azulada indica que, além da antocianina, ali tem um carotenoide chamado luteína, que também entra na briga contra os radicais livres. Se não encontrar a fruta in natura, aposte sem medo na congelada.

3 - GROSELHA
Reúne potássio, fibras e vitaminas A e C. Ao natural, é um tanto ácida. Por aqui, costuma ser consumida em forma de doces e xarope, que têm pouca fruta e muito açúcar. No Brasil, melhor maneirar nessa opção.

4 - AMORA
Ela esbanja vitamina E e fibras. Tem mais um ponto positivo: carrega ácido elágico, que tem propriedade antimutagênica, ou seja, inibe o aparecimento de tumores.

5 - FRAMBOESA
Também possui o bem-vindo ácido elágico. Se quiser provar sua geleia, facilmente encontrada nas gôndolas dos supermercados, prefira aquelas que listam a fruta como o primeiríssimo de seus ingredientes.

6 - CRANBERRY
Ganhou fama devido à capacidade de evitar a infecção urinária, a substância responsável pelo feito é a proantocianidina. Há chás e sucos com a fruta. A polpa congelada é outra boa pedida.
PARECE MAS NÃO É...
Algumas frutas, apesar de não serem berries, também são um poço de substâncias benéficas, como as antocianinas.

1 - JABUTICABA
O segredo para aproveitar os nutrientes parceiros da cuca é não descartar a casca. A fruta ainda está entre as melhores fontes de elagitaninos, uma classe de taninos derivados do ácido elágico, elemento que trabalha contra o câncer.

2 - UVA
As bem roxinhas são belas fontes de antocianinas. Em um estudo americano publicado no British Journal of Nutrition, o suco feito com a uva melhorou a memória de adultos com comprometimento cognitivo. Se preferir comer a fruta, mande a casca goela abaixo.

3 - ROMÃ
Não precisa ficar só nas sementes, não. Sua casca tem um potencial antioxidante 85 vezes maior do que a polpa, diz um trabalho da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo. Triture essa parte e use a farinha obtida em saladas e iogurtes.

NO FRIO E NO CALOR...
Consumir as frutas vermelhas in natura é a melhor maneira de tirar proveito dos seus aclamados flavonoides. "A refrigeração provoca perdas discretas dessas substâncias, enquanto o congelamento leva a reduções um pouco maiores", conta a nutricionista Selma Dovichi, da UFTM. "Já o cozimento resulta em perdas bem mais expressivas", completa. Por isso, se não houver a possibilidade de degustar a versão fresca, a congelada é melhor do que nada.

Nayara Souto Maior e Valdemir Soares


Nayara Souto Maior - Farmacêutica Generalista, Pós-Graduanda em Gestão e Tecnologia Industrial Farmacêutica, atua como Farmacêutica Magistral.

Valdemir Soares - Farmacêutico Generalista e empresário do ramo automotivo.

1 comentários:

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